O CÉREBRO ADULTO PODE AUTO-REPARAR-SE
“Pesquisadores do Instituto Pasteur e do CNRS acabam de identificar uma nova fonte de produção de neurônios no cérebro adulto. Os estudos, publicados no Journal of Neuroscience, demonstram a capacidade intrínseca de auto-reparação do cérebro.
Essa descoberta abre perspectivas insuspeitadas, especialmente para o tratamento das patologias neurodegenerativas, como as doenças de Parkinson e de Huntington.”
Um dogma posto em cheque
Os neurobiologistas sempre consideraram que o cérebro e a medula espinhal eram irreparáveis no caso de lesão ou doença. Em 2003, a descoberta de células tronco no interior do cérebro adulto por Pierre-Marie Lledo e sua equipe, do Instituto Pasteur, abalou este dogma central da neurobiologia. Os pesquisadores na verdade demonstraram que certas células não-neuronais, chamadas células gliais, podiam transformar-se em neurônios, capazes de integrar as redes de células existentes. No ano seguinte, o mesmo grupo identificou uma molécula encarregada de atrair essas células de sua zona de formação até o bulbo olfatório, numa outra região do cérebro.
Não-neurônios: novas áreas de produção
Em colaboração com a unidade Virologia Molecular e Vetorologia, dirigida no Instituto Pasteur por Pedra Charneau, os pesquisadores demonstram que estas células tronco do tipo glial, capazes de transformar-se em neurônios, são localizáveis não só na zona de formação identificada em 2003, mas igualmente ao longo do túnel através do qual migram os novos neurônios, bem como no bulbo olfatório.
Os pesquisadores puderam observar e comprovar diretamente este fenômeno graças ao desenvolvimento de um vetor viral capaz de orientar especificamente as células gliais e de torná-las florescentes. Após ter injetado este vetor na zona já conhecida, e a seguir em novos locais, constataram que numerosas regiões do cérebro ficavam florescentes, e possuiam por conseguinte a capacidade única produzir neurônios.
Estratégias terapêuticas: a esperança
A equipe, além disso, observou que a ausência de estimulação olfativa, provocada por uma lesão do órgão sensorial, intensificava a transformação das células gliais em neurônios. Esta formação exacerbada dos neurônios seria uma prova de que o cérebro possui propriedades intrínsecas de auto-reparação.
“Estes estudos trazem nova luz para as funções regenerativas do sistema nervoso central, sublinha Pierre-Marie Lledo. Desviando neurônios recém formados desde sua zona germinativa para as regiões lesadas, se poderia com efeito contribuir para formular novas estratégias terapêuticas para o tratamento das patologias neurodegenerativas como as doenças de Huntington e de Parkinson”."
FONTE: Portal da Ciência do Governo Francês
31 outubro, 2008
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