Dalva, Geni, Omar, Nancy, Iris, George, Alcides.. formam a Diretoria da ACP, que está muito preocupada em promover eventos que ajudem a melhorar a qualidade de vida dos portadores desta insidiosa doença!!!!

07 agosto, 2011

Tiago Fleming Outeiro


Dança Comigo – Uma Nova Vida Através do Movimento

Recentes previsões apontam para um aumento significativo do número de pessoas afectadas pela doença de Parkinson, um facto em tudo relacionado com o envelhecimento da população mundial. Não se tratando de um risco aumentado mas sim de um maior número, resultante também de um maior número de casos diagnosticados, importa no entanto que vamos dedicando mais atenção a esta doença para que possamos ajudar quem dela sofre com todas as armas ao nosso dispor.

A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela morte selectiva de um tipo de células específicas (neurónios dopaminérgicos) que produzem dopamina. A dopamina é uma substância que transmite permite que certos tipos de neurónios sejam activados, nomeadamente aqueles que controlam a parte motora que e afectada nos pacientes, levando a que tenham rigidez muscular, dificuldade em iniciar movimentos, e tremores.
Por ser uma doença tão debilitante, afectando não só os pacientes mas também as suas famílias, importa que sejamos capazes de descobrir novas formas para atenuar os seus efeitos e, um dia, prevenir e reverter os seus efeitos.
As terapias existentes actualmente são, principalmente, destinadas a tratar os sintomas. Algumas delas funcionam muito bem, durante alguns anos, em muitos dos pacientes. Mas, normalmente, ao fim de alguns anos deixam de funcionar, e causam efeitos secundários indesejáveis.
Enquanto os investigadores não encontram as respostas que procuram, há outras estratégias para contrariar os efeitos debilitantes. Uma das formas consiste em manter os pacientes activos fisicamente, tanto quanto possível.
Nos EUA, várias das associações de doentes de Parkinson incentivam e promovem aulas de dança para os doentes, um óptimo exercício para quem sofre desta doença.
Os pacientes sentem os efeitos benéficos da actividade nas suas articulações, nos seus movimentos em geral, e também no espírito, uma vez que dançar é uma óptima forma de combater o estado depressivo em que muitas vezes se encontram. Mas este tipo de terapia, por muito inovadora que possa parecer, tem sido utilizada há mais de meio século, com doentes do foro psiquiátrico.
Não há passos específicos ou movimentos mais aconselháveis do que outros. Está tudo relacionado com o movimento, o ritmo, e a forma física.
O objectivo de certos movimentos e trabalhar problemas específicos que os doentes de Parkinson apresentam, como a rigidez muscular ou a capacidade de fazerem “duas coisas ao mesmo tempo”, como moverem o braço numa direcção e uma perna noutra. O que se pensa e que a actividade física, quer seja caminhar, jogar ténis, ou dançar, vai permitir reforçar vias, ou simplesmente criar novas vias, ao nível do cérebro, e da comunicação entre os neurónios.
A actividade física tem efeitos benéficos noutras doenças também, como a esclerose múltipla ou em tromboses, onde os pacientes sentem os benefícios até ao nível da fala, que é muitas vezes afectada.

Ajudar aqueles que precisam pode, assim, passar pela dança. Deixo aqui, como sugestão, que, por iniciativa própria ou dos familiares, sejamos capazes de perguntar: “dança comigo”?

O Dr. Tiago Fleming Outeiro é um Cientista português
Trabalha no MassGeneral Institute for Neurodegenerative Disease (MIND), afiliado com o Massachusetts General Hospital e Harvard Medical School, em Boston, EUA
Este instituto dedica-se ao estudo de várias doenças neurodegenerativas, como Parkinson, Alzheimer, Huntington e ALS.

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