SEUL, Coréia do Sul (Reuters) - O presidente de uma das universidades mais prestigiadas da Coréia do Sul desculpou-se na quarta-feira devido à fraude científica praticada dentro da instituição, afirmando que os dois artigos forjados a respeito de células-tronco tinham envergonhado o país e a ciência.
Na terça-feira, um painel investigativo da Universidade Nacional de Seul afirmou que a equipe liderada pelo cientista Hwang Woo-suk havia mentido em dois artigos sobre células-tronco embrionárias, mas que tinha efetivamente criado o primeiro cão clonado do mundo.
"A equipe de pesquisa de Hwang fez algo que os cientistas nunca deveriam fazer. Esse incidente deixou uma marca indelével na Coréia e na comunidade científica internacional", afirmou em uma entrevista coletiva Chung Un-chan, presidente da Universidade Nacional de Seul.
Chung disse ter pedido a uma comissão que puna os pesquisadores envolvidos no escândalo.
A pesquisa de Hwang alimentou as esperanças dos que sofrem de doenças hoje incuráveis porque parecia ter aberto as portas para a produção de tecidos específicos para realizar transplantes ou enfrentar problemas como rupturas da espinha dorsal e o mal de Parkinson.
"Por ter envergonhado o país, peço, na qualidade de presidente desta universidade, desculpas a todos", afirmou Chung.
Hwang era professor na universidade, considerada uma das instituições de ensino mais prestigiadas do país.
Agora, segundo promotores sul-coreanos, o cientista pode ser alvo de acusações criminais por ter usado inadequadamente verbas públicas. O crime pode ser punido com penas de até 10 anos de prisão, disseram meios de comunicação do país.
Na quarta-feira, o governo da Coréia do Sul tirou de Hwang o título de "cientista supremo" do país. O Ministério da Ciência e Tecnologia havia oferecido a distinção ao pesquisador em junho de 2005 com a promessa de dar-lhe ao menos 3,06 milhões de dólares todo ano, por até cinco anos.
Um dos artigos fraudados, de 2004, descrevia a produção, para pesquisa, dos primeiros embriões humanos clonados. O segundo, de 2005, tratava da produção das primeiras células-tronco embrionárias feitas com base em material tirado de pessoas adultas. Os dois artigos saíram na revista norte-americana Science.
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